sábado, dezembro 17, 2005

Divino – A Vida e a Arte de Ademir da Guia

Na onda de biografias ligadas ao futebol que surgiu nos últimos dez anos, era evidente que o maior jogador de um clube como o Palmeiras não deixaria de ser retratado em uma obra. Por isso, soou como algo natural o lançamento de “Divino – A Vida e a Arte de Ademir da Guia”, de Kleber Mazziero de Souza. No entanto, apesar de eficiente, a obra não pode ser considerada completa por passar rapidamente pelos assuntos.

Além de um “assunto” interessante, uma biografia precisa de histórias curiosas e desconhecidas, a visão de vários conhecidos (incluindo inimigos) sobre a personagem e, se possível, permitir uma análise psicológica da pessoa retratada. E, nesse ponto, “Divino” falha. O livro não chega a ser superficial (seria um exagero tratá-lo dessa maneira), mas passa a sensação de que poderia ir dois passos adiante em cada assunto.

A obra trata apenas da carreira de Ademir. Tem uma primeira parte em que mostra a tradição da família Da Guia no futebol, com pais Domingos e o tio Meio e de que forma isso influenciou o início do garoto Ademir no esporte. Nesse momento, a obra é feliz por abordar na dose certa os assuntos e não exagerar no detalhismo de capítulos que têm, claramente, uma função introdutória.

Em seguida, o autor retrata a carreira do maior jogador da história do Palmeiras. O problema é que o livro parece mais preocupado, em muitos momentos, a falar do que ocorria em campo, em como as duas Academias palmeirenses surgiram e qual a importância de Ademir nesse processo.

É óbvio que isso é o mais importante. No entanto, por ser uma biografia, a obra poderia contar com detalhes a relação do meia com o elenco, bastidores daquela equipe e a forma como Ademir via aquele período. O livro conta com histórias interessantes, mas sempre “por alto” e focando muito o que ocorria em campo.

Além disso, poucas pessoas foram ouvidas para falar desse período do Palmeiras. Personagens como Luís Pereira e Leão, por exemplo, poderiam acrescentar algo. Limitar-se a pessoas mais próximas do jogador, como Dudu e César Maluco, pode gerar mais “causos”, porém, dá um tom mais positivo à obra. Não chega a ser “oficial”, mas o texto corre sem que se perceba conflitos grandes na história. O que certamente não ocorreu de fato.

De qualquer forma, é um livro válido para os fãs do jogador ou palmeirenses que gostam de relembrar aquele período da história do clube. Até porque o livro não requer esforço ou dedicação especial para ser lido: um dia é suficiente para chegar até a última página.

Mais informações
“Divino – A Vida e a Arte de Ademir da Guia” foi publicado pela editora Gryphus e tem 222 páginas em capa dura. Sua última edição foi lançada em 2001.

Ubiratan Leal

Imagem: Saraiva

Um comentário:

Anônimo disse...

Tenho esse livro em casa. Li a biografia de Nílton Santos ("Minha Bola, Minha Vida", se não me engano) e gostei muito. Há inúmeras histórias da época de jogador, do começo, de maneira leve. Na de Ademir da Guia, apesar de palmeirense, não consegui chegar até o final. O texto acaba ficando quase técnico, com histórias que poderiam ser mais ricas. Mas valeu por constar os dados de todos os jogos do Divino. Ora, como eu ia saber que o Palmeiras tomou um sonoro 4x0 da minha Prudentina em 18/7/65?