sexta-feira, dezembro 16, 2005

Sobra desinformação sobre a Copa

No rescaldo do sorteio de grupos para a Copa do Mundo, todos os veículos (ou quase todos) se arriscaram a fazer análises e palpites para o torneio. Mais um momento em que ficou visível como a visão da imprensa brasileira sobre as seleções estrangeiras é majoritariamente estereotipada. Pior para o leitor/ouvinte/telespectador, que inevitavelmente cai em uma dessas armadilhas e passa a reproduzir informações distorcidas.

A regra parece que foi apelar para o senso-comum e repetir infinitamente os fiapos de informação que sobraram da Copa passada. Assim, as análises e previsões para os grupos do Mundial foram superficiais. Independentemente de quem foi apontado como favorito, a descrição fugiu da realidade e pode levar a conclusões erradas.

Um exemplo claro é projetar na seleção da Polônia a imagem da Copa de 2002, quando o time era muito diferente (e pior) do atual. Não que os poloneses tenham uma seleção fortíssima, mas houve uma evolução nos últimos quatro anos. O mesmo vale para a Alemanha.

Outro equívoco bastante comum é desconhecer a mudança nas escalações das seleções. Não é necessário conhecer detalhes do time do Togo, mas não é exigir muito saber que Davids e Seedorf não são convocados pelo técnico da Holanda, Van Basten, que o ataque da Itália é formado por Gilardino e Toni (nada de Vieri) e que o craque da Inglaterra não é mais Beckham.

Se o comentarista é especializado em futebol brasileiro e não está devidamente atualizado sobre equipes européias, ele tem o direito e não saber tantos detalhes. Mas, por isso, teria o dever de deixar claro que sua análise é superficial e “por alto”. Porém, em época de Copa todos gostam de se passar por entendedores de futebol internacional.

Claro que ainda é prematuro condenar boa parte da imprensa. Ainda faltam seis meses para o Mundial e é possível se informar bem até lá. Mas o início não foi dos mais animadores.

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Comentaristas do óbvio (espero que o link continue válido...)

Ubiratan Leal

Um comentário:

Anônimo disse...

A imprensa continua achando que o Oliver Kahn é um fracassado, sendo que pode ser que ele nem seja titular na Copa, já que o Klismann tem ótimas opções pra levar, como o Hildebrand e o Lehmann. Não vou me lembrar agora, mas certamente a imprensa devia achar que a Arábia Saudita ia arrebentar em 98 e que a Croácia ia sobrar em 2002. Isso é "Síndrome de Turquia": o comentarista não conhece a seleção, sabe de uns dois jogadores, fala que o time é median e pode desempenhar um bom papel e, se jogar mal, fala que o time era inexperiente. Se jogar bem, vai repetir o discurso toda vez que o time jogar: "o grupo do Brasil era fraco, a Turquia era inexperiente e foram terceiro lugar". Segundo esse pensamento:
- A França, eliminada prematuramente é fraquíssima. Isso vale para Argentina, Nigéria e outras seleções.
- O Uruguai é melhor que a Holanda por ser bi-campeão mundial.
Aí, haja saco...