quarta-feira, dezembro 28, 2005

Uma visita à Arena da Baixada

Desde que acabou a era das obras monumentais no Brasil, na década de 1980, nenhum estádio teve tanto impacto no futebol brasileiro quanto a Arena da Baixada. A nova casa do Atlético-PR se vendeu como o estádio mais moderno do país, ganhou fama pela pressão que exerce sobre a equipe visitante e se tornou um ícone da identidade rubro-negra do Paraná. Com tudo isso, era inevitável que fosse tratado como uma atração turística de Curitiba.

Chegar ao estádio atleticano não é difícil, ainda mais para um paulistano, que está acostumado às distâncias bizarras de sua cidade natal, sobretudo quando envolve a ida ao longínquo Morumbi. Bastou pegar um ligeirinho, descer em alguma avenida do bairro Água Verde e seguir o restante à pé. Também ajuda o fato de não ter de fazer o trajeto com pressa, pois as visitas guiadas são realizadas a cada hora e é possível encaixar sua agenda de viagem sem problemas.

Logo de início, o que mais impressiona na Arena da Baixada (ou Kyocera Arena, como prefere o departamento de marketing do clube) é a fachada. É um vermelho e preto meio berrante e algo exagerado esteticamente (os atleticanos provavelmente não acharão, questão de gosto), mas o simples fato de existir uma fachada planejada é elogiável para a realidade brasileira.

Um adendo: à exceção de Pacaembu, Mangueirão e alguns outros raros casos que estejam escapando do Balípodo no momento, os projetos de estádio costumam ser pouco generosos do ponto de vista estético no Brasil. Os clubes (ou prefeituras) pensam apenas em erguer lances de arquibancadas (muitas vezes sem padrão algum) e, por fora, o que se vê é a parte de trás dessa estrutura. Não há preocupação em tratar o estádio como uma enorme edificação que tem uma grande influência no visual da região em que se localiza.

Bem, a Arena da Baixada tem fachada. E conta ainda com um barzinho bacana e um centro de informações turísticas oficial da cidade, deixando claro que aquele é considerado um importante ponto turístico da capital paranaense. Isso do lado de fora, sem que o turista/visitante/torcedor seja obrigado a pagar nada. Não que conhecer o estádio por dentro seja um investimento de peso, pois os R$ 3 por pessoa são mais que aceitáveis.

O passeio guiado é simples e segue um roteiro básico. O visitante pode conhecer os vestiários, sala de aquecimento, sala de imprensa e diversos setores da arquibancada, passar pela bela praça de alimentação e chegar à beira do gramado. O guia é bem informado e simpático e insiste em mostrar como todo é bastante planejado e em propagandear a política de ingressos caros que o Atlético-PR implementou desde 2004 (o que o Balípodo não concorda).

Realmente, a Arena da Baixada é um dos melhores estádios do Brasil e tem nível internacional. E é justo dizer que se tornou uma referência para quem quiser construir um estádio moderno para a realidade brasileira, até porque os atleticanos (e depois os coxas-brancas) provaram ao Brasil que, com um estádio confortável, o torcedor vai a campo apoiar seu time ao vivo.

Porém, a Arena não é fantástica a ponto de não poder ser igualada por outros clubes que tenham um projeto sério (difícil mesmo é achar alguém com projeto sério). E, claro, a casa rubro-negra está degraus abaixo dos grandes estádios europeus, como o Santiago Bernabéu e o Stade de France, em conforto, organização e qualidade de instalações. Mas é exagero insistir nessa comparação.

Mesmo assim, algumas coisas poderiam ter sido mais bem pensadas. A visão do torcedor visitante é muito prejudicada, algo que faz sentido para quem adota uma estratégia de pressão e intimidação sobre o adversário, mas não condiz com a modernidade absoluta. Além disso, o fato de alguns assentos não serem utilizados devido à presença de torres que bloqueiam a visão do torcedor também é um problema que poderia ter sido evitado.

Em relação ao passeio, ficou a sensação de que se viu apenas o básico, sem ter possibilidade atraente de conhecer algo for do convencional. Por exemplo, os tão falados (pela diretoria atleticana) camarotes. A explicação oficial é que, como os espaços são alugados, o locatário pode colocar bens pessoais no local e não seria recomendável que turistas entrassem lá. Mesmo assim, um camarote poderia estar disponível para os visitantes.

Por fim, não se pode deixar de mencionar a falta de um museu ou um memorial do Atlético-PR (vale lembrar que o Coritiba montou uma exposição de suas taças no Couto Pereira). Como o estádio tem um belo presente, mas não tem passado, era obrigação do clube mostrar sua própria história. Para os não-atleticanos, que provavelmente ainda vêem o Rubro-negro como um emergente no futebol brasileiro, seria interessante ver que aquele estádio foi construído por uma equipe tradicional e que têm várias conquistas. Um memorial poderia ainda dar um tom mais apaixonado à visita, que é muito fria e, nesse aspecto, carrega o lado negativo do estilo de profissionalismo pregado pela diretoria atleticana.

O clube alega que o memorial está no projeto para a nova ala do estádio, que será construída nos próximos anos. No entanto, era necessário fazer algo, mesmo que provisório, até a Arena ser completada.

Ubiratan Leal

6 comentários:

Anônimo disse...

faz uma visita ao Couto tb.

Ubiratan Leal disse...

Eu bem que gostaria, Thiago. Tantoq eu a idéia da pauta era fazer um texto comparando os dois estádios. Mas quando passei por Curitiba, o Couto Pereira estava fechado para visitação. Fica para uma próxima oportunidade.

Anônimo disse...

Eu visitei os dois, em setembro ultimo. Na verdade, no Couto eu fui em um jogo e fui visitar no dia seguinte, nao tinha visita guiada mas deixaram eu entrar lá assim mesmo.

Tinha lá no Couto uma exposicao dos trofeus de campeao paranaense muito bem montada, tem uma praça de alimentação que nao fica em nada atrás da Arena (mas acho que só nas cadeiras mais caras) e a visão do campo é muito boa - exceto do anel inferior, que tem os degraus mais altos com a visao obstruida.

Quanto à Arena, acrescento que não há qualquer menção ao velho Estádio Joaquim Américo, demolido para a construção da Arena. Senti falta disso, uma fotografia na parede que fosse...

Anônimo disse...

Visitar o 'estádio' dos coxas, pedir pra conhecer a arquibancada Eli -ex-jogador, cuja venda reverteu $$$$ para construi-la- é ter uma visão triste.
Só vale a pena para ir comer um rodízio no Churrascão Alto da Glória,anexo, do Mocellim....e zoar os coxas com a conquista do rebaixamento!!!!!
Outra coisa, como podem chamar o 'estádio' da Portuguesa, do RJ, de 'ARENA' Petrobrás??? E ningúem vai preso????????????????? Turco-RJ

Anônimo disse...

Em relação ao espaço de visitantes ter uma visão ruim é provisório, já que o estádio será completado em 2007, sendo totalmente fechado! Questão de tempo...

Unknown disse...

Belo texto, desde sua ultima visita já foram realizadas novas adequações! o estadio está cada dia mais confortavel, o Brasil precisa de torcedores assim sem visão parcial das coisas!!
Deveria conhecer o CT do Caju que assim como a Baixada está na ponta dos cascos, POUCO LEMBRADO pela midia do EIXO RJ-SP (não sei se má vontade, desconhecimento ou qualquer outra coisa) porém no padrão das principais equipes da Europa!!
SEM Exageros!!! no final de 2007 foi inaugurado mais um, disse mais um Hotel 5 estrelas para hospedagem de atletas, nada parecido com ele no territorio nacional! são 2 hoteis um 5 estrelas e outro de bom padrão!!
as visitações são aos Sabados onde você faz o desjejum lá mesmo antes de iniciar a visitação a todos os pontos do CT inclusive o Mini estadio para 5 mil pessoas!!
local muito utilizado por clubes da asia e estados unidos!
Parabén e abraços!!