quinta-feira, janeiro 26, 2006

Calciatori Panini 2005-06

Está nas bancas italianas desde 27 de dezembro último a nova edição do “Calciatori Panini”. Para os brasileiros, o lançamento de um álbum de figurinhas está longe de ser algo digno de mobilização no meio do futebol. Afinal, esse tipo de coleção é visto como “coisa de criança”. E, mesmo para as crianças, não soa tão divertido quanto brinquedos mais modernos.

Porém, o lançamento do álbum do Campeonato Italiano é um acontecimento importante no calendário do calcio. Colecionar figurinhas é uma tradição, inclusive para adultos, desde que primeira edição foi publicada, em 1960. Tanto que a publicação chega a ser considerada referência a respeito da formação das equipes italianas nas últimas quatro décadas e meia. A ponto de a associação de médicos ter requisitado a inclusão dos médicos dos clubes na edição de 2005.

O que fica de interessante de analisar, independentemente da curiosidade de ver a importância de álbuns de figurinhas no futebol italiano, é perceber como se cultivar algo que faz parte da cultura do torcedor. Todo ano, a Panini anuncia novidades no álbum. Já houve edições em que havia figurinhas com os jogadores em ação, outras que propunham distintivos e nomenclaturas americanizadas para os clubes e até a incorporação de times de divisões inferiores. Não é só estratégia de marketing, é um meio de criar uma aura especial e dar sempre novo fôlego a um produto ligado ao esporte.

Algumas dessas novidades são incorporadas nas edições seguintes, como apresentar clubes das Séries A, B, C1 e C2, além da liga de futebol feminino. Para a versão 2006, a editora criou figurinhas especiais, com jogadores candidatos a defender a Itália na Copa do Mundo e com os times festejando algum gol (foto).

Porém, até como mostra do investimento que um álbum de figurinhas recebe na Itália, a principal atração é a possibilidade de um colecionador fazer uma figurinha de si próprio, vestindo a camisa do clube que desejar. O torcedor faz a montagem e envia para a editora, que imprime dez cópias e envia pelo correio.

Claro que tudo isso é fora da realidade brasileira. Álbuns de figurinhas já não têm o espaço no futebol brasileiro, ainda meias porque os clubes renovam seu elenco mensalmente e qualquer tentativa nesse sentido fica defasada rapidamente.

De qualquer forma, o mercado brasileiro demonstra uma enorme incapacidade de alimentar seus próprios elementos culturais. Se os italianos conseguiram com álbum de figurinhas, os ingleses com memorabilia como programas de jogos (semelhantes a programas de peças de teatro) e os norte-americanos com os baseball cards, não teria porque os brasileiros não fazerem o mesmo com suas tradições específicas. Depois há os que não entendem porque a Globo empurra o jogo das quartas-feiras para as 22h de forma que possa transmitir, antes, um resumo do dia no Big Brother.

Ubiratan Leal

Imagens: Calciatori Panini

9 comentários:

Anônimo disse...

Não tem como colecionar album do brasileirao. Quantos jogadores que saem no album em março, no incio do campeonato, vão até o final? Por isso que a nova geração nao entusiasma. Qual a graça de correr atrás de uma figurinha de um jogador que foi pra Moldávia há meses?

Anônimo disse...

Concordo contigo, Ubiratan. O último álbum de figurinhas que eu tive do meu time foi em 1994: é da Multi Editora (será que existe?) com direito a cards dos jogadores daquele Palmeiras que ganhou Paulista e Brasileiro. Depois disso, nunca mais. Ah, sim: absurda a mudança de horário do jogo. Atrapalhou toda minha noite de quarta-feira.

Anônimo disse...

Colecionei até 92. Meu álbum favorito foi o de 89:
E como as figurinhas sequer eram auto-colantes, o negócio era jogar "bafo" com a pilha de repetidas.
Coisa totalmente impraticável hj, infelizmente.
Alguns amigos levantaram a ipótese de colecionarmos o álbum da Liga espanhola, mas foi só botar no papel o "investimento" que o plano michou.
Classe média falida é isso ai!

Anônimo disse...

Eu ainda coleciono e estou para completar (é só a Panini me mandar a carta com as que faltam). Mas realmente é estranho.
O Luizão estava no SPFC no álbum do ano passado e, de repente, atuava pelo Santos. Qual é a graça?
Nós perdemos essa cultura porque o futebol brasileiro ainda não sabe se valorizar e as editoras não querem fazer isso pelos dirigentes.
Mas fica a dúvida: o que é um distintivo "americanizado"?

OBS: Eu quero uma figurinha com a minha foto!!!!

Anônimo disse...

Dá pra colecionar o álbum da Copa pelo menos. Mas vai dar uma vergonha um marmanjo comprando figurinha de jogador hehe

Anônimo disse...

Curiosidade pura: quanto custa, em média, colecionar figurinhas da liga espanhola? As da Copa eu colecionar.

Ubiratan Leal disse...

Emanuel,

distintivo "americanizado" é pegar o nome do clube, dar um apelido em inglês (exemplos: Napoli Strikers, Milan Hurricanes, Inter Bobcats) e fazer com jeitão de distintivo de franquia da NFL. Idéia infeliz.

Daniel F. Silva disse...

Isso pode funcionar em basquete, mas no futebol, não, de jeito nenhum. Já pensou se isso acontece no Brasil? "Flamengo Blackbirds", "Vasco Codfishes", "Corinthians Musketeers"...

Anônimo disse...

Também acho infeliz essa "americanização" dos nomes de clubes de futebol, sobretudo os mais tradicionais.

E sobre o álbum do Calcio, o último que vi numa banca brasileira foi em 1994.