
Nascido em 19 de agosto de 1944, na cidadezinha de Carlos Tejedor (província de Buenos Aires), Gatti estreou na Primera argentina defendendo as cores do clube que o revelou: teve uma atuação razoável na vitória por 2 x 0 do Gimnasia y Esgrima de La Plata sobre o Atlanta. Fez uma carreira notável na equipe tripera platense e chegou a jogar no Racing e no River Plate - mas sua fama foi consolidada no arco do Boca Juniors, clube que passou a defender a partir de 1976.
Pelo time de La Bombonera, Gatti conheceu tanto o sucesso quanto o fracasso. Foi o herói da primeira Libertadores conquistada pelos xeneizes, em 1977, defendendo o pênalti do cruzeirense Vanderlei na decisão por pênaltis pelo terceiro jogo da final, em Montevidéu. Também era ele quem ocupava o arco auriazul quando o Boca sofreu a pior derrota de sua história como mandante: 0 x 6 para o inexpressivo San Martín de Tucumán, em 1988. Ao todo, foram 381 partidas pela equipe mais popular da Argentina (é o segundo jogador com mais atuações pelo Boca, atrás apenas do zagueiro e xerife Roberto Mouzo, com 398 jogos).
Personagem de inúmeras histórias, certa vez admitiu que, num amistoso da seleção argentina contra a União Soviética, em Moscou levou para trás do arco uma pequena garrafa de vodca! Em outra ocasião, atuando pelo Boca Juniors, driblou três atacantes do Estudiantes e deu um passe longo para o atacante Perotti marcar o gol da vitória boquense sobre os pinchas, pelo Metropolitano de 1981 (com Maradona no time). Pelo Metropolitano 1964, ainda defendendo o Gimnasia platense, enfrentava o Boca quando foi marcada uma falta para o time de La Bombonera. Paulo Valentim - ex-Botafogo e maior artilheiro xeneize nos superclásicos contra o River, com 10 gols - cobrou com a força habitual. Gatti, surpreendentemente, abriu as pernas e deixou a bola passar. Respondeu às óbvias reclamações dos companheiros com um argumento insólito: quem se enganou havia sido o juiz, por cobrar tiro livre direto e não indireto!
Encerrou a carreira no Boca Juniors, após uma derrota por 0x1 para o Deportivo Armenio (equipe mantida pela comunidade originária do país caucasiano). Hoje, além de escrever com freqüência para os jornais espanhóis As e Marca e para o Olé argentino, comenta jogos pela ESPN internacional, sempre mantendo vivo seu espírito polêmico e suas pouquíssimas papas na língua, como nos tempos de jogador (certa vez declarou: "Sou o melhor", quando perguntado sobre qual o melhor goleiro argentino de todos os tempos; mas, às vésperas da Copa do Mundo de 1978, insistiu em que não deveria ser convocado pelo técnico César Menotti, pois não se sentia em boas condições físicas, deixando a vaga para Ubaldo Fillol).
Diogo Terra
Imagem: Informe Xeneize
Um comentário:
Jorge Campos é Rei!
Postar um comentário